Estória de Lavadeira – Dinâmicas de Empatia
Muita gente me pede referências de dinâmicas e jogos para desenvolver aprendizados sobre EMPATIA. Vou compartilhar uma estória de lavadeira que ouvi num festival em 2020 e que ainda hoje me gera uma série de reflexões…
Canto das Lavadeiras… https://www.youtube.com/watch?v=HTJo26KFHVI
Láááááááá em Goiás e Tocantins, corre o Rio Maranhão… e em suas límpidas margens as lavadeiras se encontravam dia sim e dia também…
Canto das Lavadeiras… https://www.youtube.com/watch?v=HTJo26KFHVI
E num lindo dia de sol, um velho sábio apareceu na aldeia onde viviam as lavadeiras. Todos os moradores seguiram o velho até a margem do rio e, de repente, ele anunciou:
– De hoje pra daqui uns dias, o Rio Maranhão vai secar em chão rachado e batido. Antes que a água seque, todos vocês devem guardar água em suas casas. Quando vocês abrirem os zóio de novo, sem perceber, o rio vai encher de novo. MAAAAAS se vocês beberem dessa água por 3 luas seguidas, vão deitar com saúde e levantar doentes. Se continuarem bebendo por 4 luas seguidas, ficarão doentes, doidos e sem juízo pra sempre!! Só bebam da água depois de 5 luas completas!!
E dali, sem dar explicações, sumiu mata adentro. Uns deram risada do velho sábio:
– Precisa fazer muito sol pra esse mar de rio secar! Eita Velho doido!
Outros ouviram mas fingiram que não escutaram e voltaram logo pros seus afazeres.
Mas uma lavadeira, das mais queridas da região, prestou muita atenção no velho e a partir deste dia vinha lavar suas roupas mas, ao invés de levar uma cumbuca de água, aproveitava e enchia logo duas cumbucas… e assim foi, dia a dia, lavando roupa e guardando água nas cumbucas em sua casa que ficava um pouco mais afastada da vila.
Numa noite, todos dormiram e no outro dia, quando abriram suas portas e janelas na vila, olharam pro Rio Maranhão e ……
– O Rio Secou!!!!!!
– A água sumiu!!!!!!
– O chão rachou no fundo do rio!!!
– Vamos todos morrerrrrrrr de sedeeeee!!!!
Todos se reuniram no centro da vila, mas ninguém lembrou exatamente do que o velho sábio havia dito luas atrás. As velhas começaram a rezar novenas, os mais novos foram jogar bola e correr no leito seco do rio, alguns preocupados e outros nem tanto.
A lua chegou, o povo dormiu e quando o Sol bateu na janela no outro dia, o povo virou o pescoço pro rio e… Estava cheinhooooo de água novamente. Foi aquela festa geral!
As beatas agradecendo a benção atendida e os mais novos pulando na água de roupa e tudo. Vida que segue…
A lavadeira, aquela amiga de todos, tinha viajado pra capital antes da seca do Rio. Demorou por lá umas 2 luas e quando voltou… as amigas lavadeiras, na beira do rio, contaram o acontecido.
Ela arregalou os olhos e gritou:
– Vocês não estão bebendo dessa água, né? Lembram do que o velho sábio disse?
As amigas começaram a rir da crendice da lavadeira e disseram:
– CLARO! Estamos usando a água pra beber, tomar banho, cozinhar, lavar roupas…
E mesmo que a lavadeira alertasse e até oferecesse a sua água armazenada… ninguém a ouvia…
– Você tá é doida!
– Voltou da capital com miolo mole, foi???
– Deixa de ser tonta!
– Essa aí ficou abilolada! Vai, maluca!!!!!
No caminho de volta pra casa, percebeu que alguns moradores estavam meio esquisitos, alguns com cara de doente, outros falando coisas sem nexo… Ela ainda tentou falar com o padre… mas ele não falava pai nosso com ave maria, todo confuso.
Dia a dia, a lavadeira voltava para a aldeia, encontrava os amigos e as outras lavadeiras e via que a cada noite, todos ficavam mais doentes e mais malucos.
Depois da quarta lua, depois da cheia do Rio Maranhão, a lavadeira acordou, triste por saber que todos ficariam assim pelo resto da vida. Desanimada, olhou pro quarto onde guardava centenas de cumbucas de água boa e de repente, deu um sorriso gigante!
Abriu uma gaveta, pegou um martelo, foi até o quarto e … pá, pá, pá…começou a quebrar cumbuca por cumbuca, pá, pá, pá, pá, pá e a água boa escorreu pelo chão da casa…
Ela se vestiu, pegou sua roupa suja e foi até a vila…
Na beira do rio tirou o lenço da cabeça e se ajoelhou… molhou o rosto… molhou os braços com a água límpida, cristalina… entrou no rio e com as mãos em concha… bebeu do Rio Maranhão.
E lá longe, uma outra lavadeira comentou:
– É a primeira vez nessa vila que uma louca se curou!
Canto das Lavadeiras… https://www.youtube.com/watch?v=HTJo26KFHVI
Como sugestão, geralmente questionamos:
- Que necessidades a lavadeira tentou atender que a levou a tomar uma séria decisão ao final da estória?
- Que outras soluções empáticas ela poderia ter experimentado?
- Como o coletivo impacta em nossas decisões empáticas?
- Como essa estória impacta a sua história?
- Que relações você faz entre a atitude da lavadeira e o nosso contexto de vida? (pessoal, na empresa)
Se você gostou do conteúdo, deixe seu comentário. E conte pra gente se utilizou em alguma dinâmica e como foi o resultado. Até a próxima estória!