Cada etapa um desafio…

Cheguei no 5/6 do meu desafio de nadar no mar.
Quando comecei não sabia muito bem onde tudo isso iria dar.
No primeiro momento foi sobreviver nas águas abertas, sem saber muito o que iria acontecer. Depois fui me acostumando perder o chão, literalmente, deixar o controle de lado e fluir com as águas. Elas são fluidas, leves, movimentam, nos levam no balanço do vai e vem, elas limpam, acalmam, nos nutrem e nos desafiam.
As duas últimas etapas foram bem desafiadoras. Em Caraguatatuba o que foi mais desafiador foi o clima. Estava chovendo, frio, água mexida, com o privilégio de ter um amor ao lado, mas ao mesmo tempo uma cabeça pirando que não daria conta de fazer a prova. Aquela crença de que quando chove não se entra no mar, que frio e mar não combinam. Foi a prova mais desafiadora por conta dos contratempos e da cabeça. Eu quase desisti por conta do tempo, da chuva, da água gelada, da cabeça pirando, de tudo junto. E de fato foi onde mais demorei para fazer a prova. Acho que a cabeça estava tão agitada que esqueci o quanto tinha treinado para estar ali. O ciclo do sucesso e do fracasso é o mesmo, o que faz atingirmos os resultados são as crenças, aquilo que acreditamos sobre nós. Voltei para casa realizada em fazer a prova e por chegar viva, mas indignada com meu tempo.
Cheguei e fui treinar. Acredito que esse é um grande diferencial para quem quer estar preparado.
Enfrentei muita piscina gelada e me desafiei a entrar mesmo assim, sem roupa adequada, fui na raça, com meu maiô, óculos e touca, o que me ajudou muito na hora de enfrentar as águas abertas, que nunca sabemos o que iremos encontrar.
Nadar tem sido um grande exercício de entrega, de deixar fluir, de respirar, de mexer o corpo, de estar presente, de trazer uma meditação a cada braçada, de ter mais consciência e superar os desafios.
Também de chegar em frente ao mar e pedir proteção, de acreditar no treino, de que estou preparada, de entender a importância de cada movimento, de ser estratégica por onde entrar no mar e como fazer as voltas nas boias, de viver o presente e o mais importante, de me divertir ao meio da natureza.
Descobri que perder o controle é deixar fluir. Que me entregar faz parte do processo e que é uma entrega aos mistérios da vida.
Nessa última prova o desafio foi água gelada e água viva. Estava apreciando tanto que senti somente uns choquinhos no rosto e no corpo. Quando sai da água que me dei conta que tinha sido atingida por elas.
A energia da prova, o movimento, a segurança da equipe que fica dentro e fora da água, faz com que nossa cabeça esteja no presente, vivenciando o momento.
Que venha a última prova do circuito! Etapa Guarujá, onde tudo começou.
Gomér Gonzaga
28.09.22
foto @circuitomares