Este período de Pandemia nos deixou mais vulneráveis e conversando com algumas pessoas, vejo uma dificuldade de se permitir o sentir.
Sentir tristeza, angústia, medo, incertezas. Para conseguirmos lidar com estes sentimentos precisamos nomeá-los, falar sobre eles e nos permitir sentir. Para sermos corajosos precisamos de um espaço seguro para elaborar nossos medos e nossas quedas.
Estamos vivendo um momento desafiador de luto. Luto de uma vida que não existe mais. Luto de um trabalho que mudou o formato, de amigos e familiares que não posso encontrar, de lugares que eu gosto de frequentar, de viagens que adoro fazer, de restaurantes que gosto de ir, de abraços que não posso dar e nem receber. E tantas outras coisas.
Brené Brown no seu livro “Mais forte do que nunca” diz que o Luto: “parece criar dentro de nós perdas que vão além da nossa consciência, temos a sensação de que algo que era invisível e desconhecido enquanto o tínhamos agora nos falta e se foi de maneira dolorosa.”
Podemos aproveitar este momento desafiador para reorganizarmos todas as partes do nosso mundo físico, emocional e social, que o luto nos exige.
O mundo precisava desta pausa. Alguns padrões precisavam morrer para outros nascerem.
Ana Claudia Quintana nos diz que “é pela consciência da morte que nos apressamos em construir este ser que deveríamos ser.”
Para o futuro ficará só o que é essência. Estamos naquele momento de olhar para dentro, fazer o nosso mergulho interno. Quando lidamos com a morte, lidamos com a vida.
“Precisamos aceitar a nossa existência em todo o seu alcance; tudo, mesmo o inaudito, tem de ser possível nela. No fundo, esta é a única coragem que se exige de nós: sermos corajosos diante do que é mais estranho, mais maravilhoso e mais inexplicável entre tudo o que nos deparamos.” Rainer Maria Rilke.
Agora temos tempo, porém não temos opções de usá-los fora de casa. Temos a opção de fazer deste tempo o melhor. Desde o ócio, que também é importante, de descansar daquele dia corrido, de ler, de cantar, de falar com pessoas queridas, de dançar, de fazer atividade física dentro de casa, de gargalhar, de aprender coisas novas todos os dias.
“Será que é tempo
Que lhe falta pra perceber?
Será que temos este tempo pra perder?
E quem quer saber?
A VIDA é tão rara, tão rara…”
Já dizia Lenine.
Recebemos o mesmo número de horas e como sempre cada um aproveita do seu jeito e podemos nos apropriar da experiência que ele nos permite construir o tempo todo.
O que você irá fazer com o seu tempo?