Gratitude

Quando é preciso exercitar a mente?

Quando comecei a fazer o Circuito Mares não tinha ideia do que isso iria representar na minha vida.

No começo era um jeito de perder o medo do Tubarão…rs. Sim, esse foi meu primeiro medo na prova. Foi a primeira coisa que veio na minha cabeça quando uma amiga me convidou para fazer a prova; depois de muitas risadas e frio na barriga eu fui.

Primeiro medo vencido, não teve tubarão até agora, porém teve tantas coisas que quero compartilhar com vocês.

Primeira prova, tive o primeiro desafio, que eu achava que era o físico e logo que relaxei descobri que estava preparada fisicamente, treinando na piscina e o que acaba sendo muito diferente no mar, mas sim estava preparadíssima. O mais difícil foi a mente… Ela nos engana, nos faz duvidar da nossa capacidade, sabota e gera pensamentos inacreditáveis. Lembro de conversar com um amigo, logo que saí da segunda prova e falamos exatamente destes medos, que acontecem com a maioria das pessoas. Conforme vamos conversando, vamos entendendo que esse medo não é só nosso! E ele é real, inclusive o frio na barriga e esse se faz necessário para mostrarmos o quanto estamos vivos.

Quando saí da segunda prova entendi que tinha um lance mental que estava me atrapalhando, gerando um sintoma físico de ansiedade, medo, desespero nas primeiras braçadas, de achar que não iria conseguir, de que daria de cara com um peixe gigante ou que encontraria algo ali que não gostaria, no meio daquele verde/azul lindo e angustiante. Lembro do meu irmão comentar que o importante era me divertir, mas como? Se esse medo chegava sem ao menos eu querer ele perto. Quando percebia ele já estava ali, instaurado em mim, no meu corpo, reverberando no meu físico, com tremedeiras, suor nas mãos, frio na barriga e um pensamento maluco de achar que eu não ia dar conta. Os primeiros 250m foram tensos, depois, com o tempo, consegui relaxar, perceber que era só cabeça e dai sim fui curtir a prova, o mar, as montanhas, o dia lindo, as pessoas a minha volta, o sol e por aí vai.

Entre uma prova e outra entendi o quanto era importante me preparar fisicamente e mentalmente, que a mente é um dos fatores fundamentais para o resultado de um esporte, para o atingimento de uma meta, para ter um evento saudável e para a vida!

Lembro de sair da segunda prova decidida em pedir ajuda. Ainda brinquei quando terminei a prova que precisava de um terapeuta, um psicólogo, um coach. É interessante se dar conta que quando trabalhamos com esta profissão e precisamos de um profissional também, a importância de ter essa clareza e vulnerabilidade. As pessoas muitas vezes acreditam que conseguimos lidar com estas questões mais facilmente por trabalharmos com isso, porém esse é um grande equívoco.

SOMOS SERES HUMANOS, antes de qualquer coisa, talvez tenhamos algumas ferramentas ou recursos que possam ajudar, mas ter alguém com quem contar faz toda a diferença.

Fiz um trabalho com um profissional e trabalhamos alguns exercícios para reprogramar os pensamentos. E colocar novos pensamentos no lugar. Meditei, exercitei e utilizei dos recursos aprendidos para praticar antes, durante e depois da prova.

O dia da prova está recheado de situações que estão fora do nosso controle: temperatura da água, clima, se tem sol, se vai chover, se terá água viva no mar, se…se…se…se…. quantos “se” passam em nossa cabeça. Desta vez fiquei um pouco ansiosa ao chegar na praia, logo depois fui mentalizando o que queria naquele dia.

Concentrei, entrei na água para acostumar-se com a temperatura, fiz os exercícios mentais, falei tchau para minhas amigas, corri para a largada, escutei o briefing e enquanto aguardava o início da prova duas mulheres conversaram comigo. As duas estavam em sua primeira prova, uma iria fazer 500m e a outra 1km. Começamos a conversar e quando percebi eu era a mais experiente, fiquei dando dicas da minha experiência, meus aprendizados e das minhas estratégias de prova. Fui tranquilizando-as e quando percebi estava tranquila e me divertindo conforme o meu combinado comigo mesma. Fiz as minhas rezas e logo em seguida tocou a buzina da largada.

Entrei na água e senti que estava mais preparada física e mentalmente, mesmo com o vento que foi mudando a intensidade e direcionamento da prova, consegui me divertir do início ao final. Lembro de focar primeiro em uma montanha que depois descobri que era o Baepi, que é o pico mais alto de Ilhabela. Mudei o foco e fui para a primeira boia vermelha, quase chegando nela, mudei o foco para a segunda boia vermelha, essa é a parte que mais gosto entre uma boia vermelha e outra. Gerou um sentimento de liberdade e de apreciar a prova. E daí focar na reta final, linha de chegada. Neste momento o vento chegou, a maré mudou, força no braço e vai até o final. Concluir a prova e cruzar a linha de chegada é uma sensação inesquecível. E ainda no final ter seus amigos com você vibrando e contribuindo para um sorriso final!

Foi a minha melhor prova, feliz por ter conseguido concluir a prova com o sorrisão no rosto e um quentinho no coração.

E junto um bônus importante de rever amigos queridos, ótimas conversas, recordações e na expectativa esperando a próxima prova do Circuito Mares.